quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Rato Branco



Rato Branco

Apelido pelo qual eram popularmente conhecidos os vigilantes da polícia municipal, denominada Polícia Administrativa e regulamentada pelo Ato n° 20, de 10/10/1896, do Intendente Municipal Dr. João Luiz Faria Santos. A organização existiu até 1929, quando a celebração de um convênio entre o governo e o município transferiu para a Guarda Civil estadual as tarefas do policiamento ostensivo e preventivo da cidade. Pelo regulamento de 1896, vê-se que “o uniforme de verão consistirá em calças e blusa de brim branco”, e isso explica a origem da alcunha, que persistiu até 1929, embora o fardamento da corporação haja mudado várias vezes. No regulamento de 1914, vê-se que o uniforme de inverno, para os agentes superiores, era colorido, com calças de pano verde garrafa; “o uniforme de verão será constituído de túnica, calças brancas ou pardas, quépi pardo com ou sem capa de brim de linho”. A túnica era de brim pardo escuro. Salvo os agentes do 1° Posto, que usavam sabre, os dos demais distritos portavam espada.

Através de matéria da Gazeta da Tarde de 1898, pode-se ver que o apelido praticamente nasceu com a corporação. Em crônica de 19 de janeiro daquele ano, é feita a descrição de um conflito na Rua Andrade Neves, com esta passagem: “Então vi uns soldadinhos que são os que prendem os barulhentos, trepados num muro, e ouvi uma mulher chamá-los de ratos brancos”.

Mais adiante, dizia o cronista que era “coisa de negros” a invenção daquele apelido desrespeitoso. Ainda no mesmo veículo de imprensa, em editorial de 9/4/1898, o jornalista lamentava: “Infelizmente, é isso o que se está vendo: a cada passo, um guarda da polícia administrativa ouve um epíteto deprimente. Foi-lhe dado recentemente novo fardamento e já criaram uma alcunha para expô-la à irrisão pública”.

Os “ratos brancos” são mencionados por todos os cronistas do princípio deste século (XX) e evocados no samba “Alto da Bronze”, de autoria de Paulo Coelho e Plauto de Azambuja Soares.

(Do livro “Porto Alegre – Guia Histórico”,
de Sérgio da Costa Franco - Editora da UFRGS)

Alto da Bronze

Alto da Bronze,
cabeça quebrada,
praça querida.
Sempre lembrada,
a praça onze da molecada.

Praça sem banco,
do Rato Branco
e do futebol,
da garotada endiabrada
das manhãs de sol.

Guardo a eterna lembrança
do tempo feliz em que eu era criança,
do tempo em que a vida era
da minha infância a grande quimera.

Hoje eu pobre profano
me lembro de ti e dos meus desenganos.
Oh! meu Alto da Bronze dos meus oito anos.


Antiga pracinha do Alto da Bronze

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