No início, quando toda a atividade se
resumia à extração do couro do gado selvagem, os habitantes do pampa eram
designados como guascas, palavra que significa tira de couro cru.
Só mais tarde, por volta de 1770, de acordo com o historiador argentino Emilio Coni, vai aparecer o termo gaudério, aplicado aos “aventureiros paulistas que desertavam das tropas regulares para se tornarem coureadores e ladrões de gado”.
Considerado pioneiro nas pesquisas
sobre o tema, Coni afirma que a expressão “gaúcho” torna-se corrente nos
documentos a partir de 1790 como sinônimo de gaudério e também para designar os
ladrões de gado que atuavam nos dois lados da fronteira.
O pesquisador uruguaio Fernando
Assunção informa ter encontrado em 1771 uma correspondência ao governador
Vertiz, de Buenos Aires, pedindo providências contra “alguns gahuchos” que
andavam assaltando estâncias e roubando na região.
Uma coisa é certa: até a metade do
século dezenove, o termo gaúcho era ainda depreciativo, “aplicado aos mestiços
de espanhol e português com as índias guaranis e tapes missioneiras”. Saint
Hilaire, nos seus minuciosos apontamentos de 1820, ainda menciona “esses homens
sem religião nem moral, na maioria índios ou mestiços que os portugueses
designavam pelo nome de Garruchos ou Gahuchos”.
Quanto à origem da palavra, há muitas
divergências. Alguns autores afirmam que o termo gaúcho vem do Guarani.
Significaria “homem que canta triste”, aludindo provavelmente à “cantilena
arrastada dos minuanos”.
A maioria dos autores rio-grandenses,
no entanto, aceita outra explicação: seria uma corruptela da palavra Huagchu,
de origem quêchua, traduzida por guacho, que significa órfão e designaria os
filhos de índia com branco português ou espanhol, “registrados nos livros de
batismo dos curas missioneiros simplesmente como filho de fulano com uma china das
Missões”, de acordo com Augusto Meyer.
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