“Aconteceu da mísera
e mesquinha, que depois de ser morta foi rainha”
(Luís de Camões)
Quem nunca ouviu a expressão “agora
Inês é morta”, que se diz quando queremos expressar que já é tarde demais?
Muitos são os que a dizem, mas são poucos os que conhecem sua origem. Ela vem
da triste história da dona Inês de Castro, que viveu em Castela, Portugal,
muitos anos atrás…
Inês, camponesa, estava apaixonada
por D. Pedro I, príncipe herdeiro do trono, e ele por ela. O príncipe sabia que
o pai nunca aprovaria esse amor, então eles o mantinham em sigilo e ninguém sabia
explicar como Inês arranjava tantos filhos, mesmo sem ter se casado.
Um dia, o rei Afonso IV chamou o
filho ao seu quarto para uma conversa. Disse-lhe que estava na hora dele se
casar, pois em breve assumiria o trono. Pedro disse que já tinha um amor, e que
só se casaria se fosse com Inês de Castro, a plebeia. Ao ouvir esse nome, o rei
disse que seria melhor um reino sem rei, do que uma rainha camponesa, e ambos
saíram do quarto ”batendo pé”.
O rei, percebendo que o amor de seu
filho era verdadeiro e difícil de se romper, arquitetou um plano em segredo:
forjou um crime para Inês e ela foi levada a julgamento com seus filhos
agarrados na barra de sua saia, justamente no dia em que D. Pedro viajava.
Inês suplicou, usou do argumento de que até aves de rapina têm piedade com suas
presas quando são envolvidas as crias, mas não teve súplica que adiantasse,
Inês foi condenada à morte. Ali mesmo, dois carrascos enfiaram uma espada em
seu pescoço, na frente de seus filhos. Quando o príncipe retornou de sua
viagem, encontrou sua amada morta, e esperou paciente o dia em que se tornaria
rei…
Dois anos depois, Afonso IV morreu,
vítima de uma doença. Pedro assumiu o trono e sua primeira ordem foi que
mandassem retirar do túmulo a ossada de Inês, limpassem-na, remontassem-na, e a
colocassem no trono, alegando que os dois haviam se casado em segredo antes da
morte dela. Se é verdade, não se sabe, mas o fato é que Inês foi colocada no
trono e considerada a primeira rainha que o foi depois de morta. Todo súdito de
Castela foi obrigado a beijar a mão do esqueleto. Após isso, a falecida foi
enterrada novamente. Agora poderia finalmente descansar em paz.
A segunda grande ordem que Pedro deu
após se tornar rei foi que perseguissem os carrascos de sua amada até que eles
fossem mortos. Mas não morreriam de qualquer modo. Um deles teria seu coração
arrancado pelo peito, e o outro, pelas costas. E assim foi feito. Um deles o
rei quis ter a “honra” de matar pessoalmente. Olhou no fundo dos seus olhos e ergueu
a espada na mesma hora em que o condenado começava a suplicar: “Não me mate, eu
só estava cumprindo ordens! Me perdoe!” D. Pedro apenas disse: “Agora é tarde, Inês é morta”.
E essa é a história da expressão “Agora
Inês é morta”. Ela tem muitas versões, inclusive uma delas foi escrita por
Camões em seu famoso livro “Os Lusíadas” e você pode lê-la. Procure por “Canto
III” e vá para a linha 118.
Resumindo:
Forma de se expressar para a pessoa
que virá com uma provável solução quando já se está liquidado a questão. Tarde
demais. A Inês é morta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário