“Aparecida”, a biografia da santa
que perdeu a cabeça, ficou negra, foi roubada, cobiçada pelos políticos e
conquistou o Brasil. Fruto de pesquisas realizadas no Brasil e no exterior pelo
jornalista Rodrigo Alvarez traz três séculos de história sobre a padroeira do
país. Narra, por exemplo, a noite em 1978 em que um homem atormentado invadiu a
basílica de Nossa Senhora Aparecida e destruiu a imagem da santa - atentado que
se desdobrou em uma sequência de acontecimentos cheios de mistérios, como numa
trama cinematográfica. Este é apenas um dos eventos que cercam 'Aparecida' e, à
medida que se desenrolam, vão se confundindo com a própria História do país.
Ilustrada, a obra descreve personagens curiosos - o padre que tirava a santa do
altar às escondidas; o governador que cortava cabeças; a restauradora irritada;
o frei que enfrentava corruptos. E também revive personalidades marcantes, como
a princesa Isabel, que lhe deu a coroa; o general Médici, que financiou uma
peregrinação pelo país da ditadura; e os três últimos papas, João Paulo II,
Bento XVI e Francisco, que fizeram questão de beijá-la.
Veja as curiosidades narradas na obra:
› No dia 7 de dezembro de 1868, a princesa Isabel
(aquela mesma que aboliria a escravidão brasileira, vinte anos depois) e seu
marido, o conde d´Eu, pediram ajuda à santa para conseguir engravidar. Não se
sabe a influência da ajuda divina, mas, após anos infrutíferos, o casal teve
três filhos.
› Três dias antes do golpe
militar de 1964, em 29 de março, um domingo de Páscoa, o então presidente da
Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, compareceu a uma missa na basílica e
confidenciou aos padres que a queda do presidente João Goulart era iminente. O
diário do santuário destacou naquele dia: “A revolução vem aí!”.
› Em 16 de maio de 1978, um
homem, depois diagnosticado como doente mental, quebrou o vidro de proteção e
roubou a santa durante uma missa na igreja. No processo, a imagem perdeu a
cabeça e se despedaçou (depois foi restaurada). O rapaz seria preso no mesmo
dia.
› Um fato pessoal meu (Nilo),
quando, em 1964, fui servir na Brigada de Infantaria Paraquedista, nunca antes
havia pedido, pessoalmente, nada a santo nenhum, sempre me senti protegido.
Quando fui brevetado e comecei a saltar uma vez por mês em exercícios
militares, sabendo das estatísticas de acidentes com paraquedas, fiquei
preocupado. Não sei por qual acaso, comecei, dentro dos aviões que saltaria, a
rezar, muito discretamente, para Nossa Senhora Aparecida. Pedi por mim e por
meus colegas proteção no salto. Naquele ano, 1964, não morreu, em salto, nenhum
paraquedista.
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