sábado, 10 de janeiro de 2015

Aparecida



Aparecida, a biografia da santa que perdeu a cabeça, ficou negra, foi roubada, cobiçada pelos políticos e conquistou o Brasil. Fruto de pesquisas realizadas no Brasil e no exterior pelo jornalista Rodrigo Alvarez traz três séculos de história sobre a padroeira do país. Narra, por exemplo, a noite em 1978 em que um homem atormentado invadiu a basílica de Nossa Senhora Aparecida e destruiu a imagem da santa - atentado que se desdobrou em uma sequência de acontecimentos cheios de mistérios, como numa trama cinematográfica. Este é apenas um dos eventos que cercam 'Aparecida' e, à medida que se desenrolam, vão se confundindo com a própria História do país. Ilustrada, a obra descreve personagens curiosos - o padre que tirava a santa do altar às escondidas; o governador que cortava cabeças; a restauradora irritada; o frei que enfrentava corruptos. E também revive personalidades marcantes, como a princesa Isabel, que lhe deu a coroa; o general Médici, que financiou uma peregrinação pelo país da ditadura; e os três últimos papas, João Paulo II, Bento XVI e Francisco, que fizeram questão de beijá-la.

Veja as curiosidades narradas na obra:

› No dia 7 de dezembro de 1868, a princesa Isabel (aquela mesma que aboliria a escravidão brasileira, vinte anos depois) e seu marido, o conde d´Eu, pediram ajuda à santa para conseguir engravidar. Não se sabe a influência da ajuda divina, mas, após anos infrutíferos, o casal teve três filhos.

› Três dias antes do golpe militar de 1964, em 29 de março, um domingo de Páscoa, o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, compareceu a uma missa na basílica e confidenciou aos padres que a queda do presidente João Goulart era iminente. O diário do santuário destacou naquele dia: “A revolução vem aí!”.

› Em 16 de maio de 1978, um homem, depois diagnosticado como doente mental, quebrou o vidro de proteção e roubou a santa durante uma missa na igreja. No processo, a imagem perdeu a cabeça e se despedaçou (depois foi restaurada). O rapaz seria preso no mesmo dia.

› Um fato pessoal meu (Nilo), quando, em 1964, fui servir na Brigada de Infantaria Paraquedista, nunca antes havia pedido, pessoalmente, nada a santo nenhum, sempre me senti protegido. Quando fui brevetado e comecei a saltar uma vez por mês em exercícios militares, sabendo das estatísticas de acidentes com paraquedas, fiquei preocupado. Não sei por qual acaso, comecei, dentro dos aviões que saltaria, a rezar, muito discretamente, para Nossa Senhora Aparecida. Pedi por mim e por meus colegas proteção no salto. Naquele ano, 1964, não morreu, em salto, nenhum paraquedista.


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