Coração atado
Reynaldo Jardim
Prenderam
o pássaro na gaiola.
O
gato no apartamento.
O
apartamento no edifício de vinte pavimentos.
O
edifício prenderam no quarteirão.
O
quarteirão, no bairro.
O
bairro, na cidade.
A
cidade ilhou-se nas unidades federativas
e
tudo ficou preso em um país chamado
Brazil
pelos americanos.
Como
se não bastasse, acorrentaram tudo eu um
continente
de duas partes, uma ao norte
outra
ao sul, e uniram-se ambas pelo México
e
adjacências. Prenderam os idiomas numa Babel,
os
homens e raças e cores.
Prenderam
meu coração ao teu coração
e
por mais esforço
que
façamos nãos conseguimos separá-los.
Nós
Eliane de Andrade Krueger
Quanto
mais te busco
mais
me perco.
Quanto
mais te quero,
mais
me anulo.
Quanto
mais te desejo,
mais
me consumo.
Quanto
mais te amo,
mais
te odeio.
Na
prática,
pura
matemática.
Você
mais.
Eu
menos.
Nós
divididos.
Solidão
Solidão não é a falta de gente para
conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isto é carência.
Solidão não é o sentimento que
experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino
nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... isto é um
princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao
nosso lado... isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto. Solidão é
quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
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