Lupicínio Rodrigues, jovem
Há pessoas que tanto erram, que
tantas vezes são perdoadas, que até se acostumam nesta condição, fazendo tudo
que bem entendem, sem pensar nos dias futuros. Abusam de quem tem um coração
bom, capaz de relevar qualquer falta. Isto foi o que aconteceu com aquela moça
que vivia fazendo das suas e depois ia ao telefone pedir-me perdão, porque não
tinha coragem de fazê-lo pessoalmente. Eram promessas e mais promessas, porém
nenhuma delas cumpridas. Essa conversa toda foi me saturando de tal forma, que
um dia não pude mais suportar. E, para acabar de uma vez com todas aquelas
promessas vãs, eu resolvi não mais perdoá-la. Para isso, selei minha resolução,
fazendo este samba, cuja letra vai publicada para os leitores da Última Hora.
Nunca
(Samba de Lupicínio
Rodrigues)
Nunca,
Nem que o mundo
Caia sobre mim,
Nem se Deus mandar
Nem mesmo assim,
As pazes contigo eu farei.
Nunca,
Quando a gente
Perde a ilusão
Deve sepultar
O coração
Como eu sepultei.
Saudade,
Diga a essa moça,
Por favor,
Como foi sincero
O meu amor
Quanto eu a adorei,
Tempos atrás.
Saudade,
Não se esqueça também
De dizer
Que é você
Quem me faz adormecer,
Pra que eu
Viva em paz.
E até sábado...
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(Do livro “Foi assim” – O
cronista Lupicínio conta as histórias das suas músicas.) Publicadas no jornal Última
Hora, entre fevereiro de 1963
a fevereiro de 1964.
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