Essa música tem autor!
Jantar de lançamento do Festival de
Cinema de Gramado. Sentado-se à mesa de honra em frente ao palco, o casal Lessa
(Barbosa e Nilza Lessa) assistia ao show de um grupo nativista. Lá pelas
tantas, o vocalista anuncia que cantaria a música Negrinho do Pastoreio, recolhida do folclore gaúcho. Depois da
execução, Dona Nilza chama o cantor para que se retrate, pois a tal música não
era recolhida do folclore e tinha autor conhecido e vivo. O cantor, meio
envergonhado e desconhecendo o dito autor, pediu desculpas e reafirmou que a
música era, sim, de domínio público e autor desconhecido. Nesse momento, a
pequena senhora levanta-se da mesa e dispara:
- Continuo insistindo que
essa música tem autor. E eu sei bem disso, porque durmo com ele todas as
noites!
Negrinho do Pastoreio
Barbosa Lessa*
Negrinho do Pastoreio,
Acendo esta vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi.
Negrinho do pastoreio,
Traze a mim o meu rincão,
Acendo esta vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi.
Negrinho do pastoreio,
Traze a mim o meu rincão,
Eu te acendo esta velinha,
Nela está meu coração.
Nela está meu coração.
Quero rever o meu pago
Coloreado de pitanga.
Quero ver a gauchinha
Brincando n'água da sanga.
Coloreado de pitanga.
Quero ver a gauchinha
Brincando n'água da sanga.
Quero trotear nas coxilhas,
Respirando a liberdade,
Que eu perdi naquele dia.
Que me embretei na cidade.
Respirando a liberdade,
Que eu perdi naquele dia.
Que me embretei na cidade.
Negrinho do pastoreio,
Traze a mim o meu rincão.
A velinha está queimando,
Aquecendo a tradição.
Traze a mim o meu rincão.
A velinha está queimando,
Aquecendo a tradição.
* Luiz Carlos Barbosa Lessa (Piratini,
13 de
dezembro de 1929
-
Camaquã,
11 de março
de 2002)
foi um folclorista,
escritor,
músico,
advogado
e historiador
brasileiro.
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