“De todas as pessoas que eu conhecia, ela era a candidata menos
provável de eu vir a ter uma história. Extremamente carola, cheia de nove
horas, o oposto do meu estilo. Sou um cara moderno, livre, desimpedido em todos
os sentidos. Sempre gostei de mulheres bem resolvidas, e ela me parecia uma
menininha à espera de um anjo salvador. No entanto, quando dei por mim, ela
estava sob as minhas asas. Não era o que eu buscava na vida, não era mesmo. Não
sei como chamar isso”.
“Se cruzassem nossos perfis em qualquer rede social, daria um
curto-circuito. Ele não gosta de nada do que eu gosto, e eu tenho aversão ao
jeito que ele se comporta. Mas, desavisados, numa festa trocamos um beijo que
fez alguma coisa acender, e desde então é briga atrás de briga. Ambos se
perguntam: o que justifica essa nossa insistência?”
“O Caetano tem uma música que diz: mexe qualquer coisa dentro doida. É
bem assim que me sinto. É do departamento das loucuras inexplicáveis. Sou
bonita, inteligente, bem educada. Sei que agrado, não ficaria sozinha jamais, a
não ser que quisesse. No entanto, estou há dois anos namorando um colega de faculdade
que me esnoba, mas não me deixa, e eu vou arrastando esse relacionamento na
esperança de que ele amadureça. Tem nome um troço desses? Carência, doença,
masoquismo?”
“Namoro uma mulher bem mais velha que eu. Minha mãe torce o nariz. Meus
amigos me chamam para a balada a fim de que eu conheça umas garotas da minha
idade. Ela própria acredita estar empatando a minha vida. Meu terapeuta acha
que está tudo bem do jeito que está, e eu também acho, mas ninguém a minha
volta parece compreender. Às vezes nem eu compreendo”.
“Meu casamento durou apenas quatro anos. Não conseguíamos viver bem,
era um desgaste emocional que fazia ambos sofrerem. Decidimos terminar de comum
acordo e nós dois estamos agora respirando melhor, com a vida mais destravada.
Até já estou saindo com outro cara, mas quando toca o celular, fico torcendo
para que seja meu ex. Queria entender o que se passa comigo”.
“Já fui casado e sei bem o que é uma relação saudável, bacana,
estruturada. Estaria com ela até hoje se não tivesse enviuvado. Achei que nunca
iria me recuperar do baque, mas anos depois comecei outra relação séria, só que
era o oposto do primeiro casamento: um tumulto, parecia que falávamos idiomas
diferentes, ninguém se entendia, mas a atração era incontrolável e estamos juntos
até hoje, nem eu nem ela temos coragem de sair fora, mesmo sem entender o que
nos faz ficar”.
“Sabe relação ioiô? Vai e volta, vai e volta? Nenhum dos dois têm mais
paciência pra isso, é ridículo. Se não conseguimos nos acertar até aqui, qual a
esperança de um milagre acontecer? Teimosia, é o nome disso. Se não é teimosia,
não sei o que é”.
Quando a gente não sabe o que é, é amor.
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