Getúlio por Fraga
Contra o Estado Novo
Passa uma moça elegante
Com sapato de pelica;
Outra passa de turbante,
Tudo passa... e o Vargas fica.
Passa o poeta apressado,
Procura rimas para “ica”
Passa toda a Academia,
Tudo passa... e o Vargas fica.
Zizinho passa a Ademir,
Passa Afonsinho a Pirica
E Jaime passa a Domingos,
Tudo passa... e o Vargas fica.
Desespero
- Minha amada - uma pérola sem jaça -
já declarou, perante o mundo inteiro,
que se casará (ai! que desgraça!)
com um homem de juízo e de dinheiro.
já declarou, perante o mundo inteiro,
que se casará (ai! que desgraça!)
com um homem de juízo e de dinheiro.
- O que será de mim? Por mais que faça
o fado ingrato quer me ver solteiro.
Sinto fugir-me o sonho alvissareiro
de me casar e perpetuar a raça.
- Juízo? - Bem
sei não tenho, que estou louco,
pela ingrata, que me enche de feitiço,
com o estranho fulgor dos olhos místicos.
pela ingrata, que me enche de feitiço,
com o estranho fulgor dos olhos místicos.
Dinheiro? - Trinta contos... É bem
pouco...
Não chegam para nada... e além disso
os meus contos são contos... humorísticos...
Não chegam para nada... e além disso
os meus contos são contos... humorísticos...
Devem formar casadas e donzelas
Ficando, apenas, poucas reservadas,
As mulheres loquazes, tagarelas,
Levarão baionetas, bem “caladas”.
As sogras formarão como
“dragões”,
Mas sem nenhum direito a ter
dragonas,
Devem formar ao lado dos
“canhões”,
Com todas as senhoras
quarentonas.
Essas que brigam com o namorado
Pelo gostinho de fazer as pazes,
Essas não servem porque são
capazes
De querer fazer paz em separado.
Como era esquerdista ferrenho, era
constantemente perseguido pela repressão política. Acabou sendo preso inúmeras
vezes. Numa dessas, o delegado então perguntou:
- Seu
Aporely, o senhor sabe por que está sendo preso?
- Sei sim, por não seguir
os conselhos da minha mãe.
Ante a surpresa do homem, ele
continuou:
- É a que mamãe sempre me
dizia para não tomar cafezinho, não era bom para a saúde, ela sempre me dizia.
Razão tinha ela, veja o senhor. Era exatamente isso que eu estava fazendo
quando o seu pessoal entrou no café e me prendeu.
Na escola, o professor de português,
Oswaldo Vergara, pediu-lhe a conjugação de um verbo qualquer no tempo mais que
perfeito. O menino Torelly levantou-se e respondeu: “O burro vergara ao peso da
carga.”
Apesar da
acidez da brincadeira, o mestre aprovou o aluno.
A morte do Barão
Uma chuvinha fina e intermitente caía
na tarde do dia 27 de novembro de 1971, domingo, no Rio de Janeiro, quando
baixava à sepultura no Cemitério São João Batista o humorista Aparício Torelly,
o “Barão de Itararé”, vítima de coma diabético.
A morte do fundador de “A Manha”, de
76 anos, fora descoberta pelo amigo da família José Daiuto ao visitá-lo em seu
apartamento, naquela manhã.
No velório estavam apenas alguns
poucos amigos jornalistas como João Mesple, Armando D’Almeida, Otávio Malta e
José Daylton, além de parentes e dois de seus três filhos Arly e Ari. O
terceiro, Amy, do segundo casamento, morando em Salvador, na Bahia, não
conseguiu chegar a tempo para o sepultamento.
O enterro havia sido providenciado
por seus amigos Gumercindo Cabral, Armando D’Almeida e Edmar Morel, através da
Associação Brasileira de Imprensa, da qual o Barão de Itararé havia sido
conselheiro.
Durante o velório o pequeno grupo
recordou muitas das suas histórias e frases que acabariam entrando para o
folclore nacional.
Quando todos os participantes da
cerimônia fúnebre haviam se afastado, alguém acendeu uma vela em seu túmulo.
Identificando depois como um corretor
de imóveis, disse que não chegava a conhecer pessoalmente o Barão: “Eu apenas o
conhecia de longe. Mas nunca deixei de ler nada dele. Era uma dessas pessoas
que tinha amigos, mesmo sem os conhecer”, explicou.
Com seu falecimento se encerrava um
ciclo importante no jornalismo satírico brasileiro, ainda hoje relembrado com
um sorriso pelos mais velhos e com admiração pelas novas gerações.
viva o barão!! excelente postagem!!
ResponderExcluirO Barão de Itararé era, o que podemos chamar com muita propriedade, um artista da palavra!
ResponderExcluirConcordo plenamente. Os seus almanaques são vendido, hoje em dia, em edição facsimilar.
ResponderExcluir