O
sujeito era caixeiro-viajante, viajava a cavalo, tinha a companhia de uma mula
onde levava as tralhas a serem vendidas e tinha negócios em todo o Rio Grande.
Ficava sempre um ou dois dias em cada cidade. Mas tinha um vício: era chegado em mulher. Em cada cidade
em que se hospedava, tinha uma namorada.
Certa
vez, em Bossoroca*, em noite de folga, ele foi a um CTG* para dançar e, se
possível, conseguir uma namorada. Já noite alta, sob os efeitos de goles de
canha*, se amarrou numa pinguancha* e se tocou pruns matos no fundo do galpão
de danças.
Chegando
lá, depois de beijos e amassos, resolveram partir para os finalmentes. Vestido
segurado no peito e bombacha arriada, já perto do bem-bom começar, ele percebeu
que não tinha preservativo na guaiaca*, e resolveu improvisar. Pegou um lenço,
enrolou no seu trabuco* sexual e foi com tudo...
Depois
de certo tempo, cinco anos para ser mais exato, ele volta a Bossoroca e resolve
encontrar novamente a moça de uma só noite de amor. Deixa as malas no hotel e
se toca pra casa da mulher. Chegando lá, um menino de uns cinco anos corre em
direção dele, gritando “Papai! Papai!”.
O cara, atônito, pergunta ao
garoto:
− Como é o teu nome, meu
filho?
− O meu nome é Fernando, mas
na família todos me chamam de “coadinho”.
*****
* Bossoroca:
Município da região Noroeste do Rio Grande do Sul.
* CTG:
Centro de Tradições Gaúchas, lugar onde se cultuam as tradições do Rio Grande
do Sul.
* Canha:
o mesmo que cachaça, cana.
* Pinguancha:
Caboclinha de vida fácil, china, chinoca. Variação: pinquancha e piguancha.
* Guaiaca:
Cinto largo de couro ou camurça, provido de bolsinhos para guardar dinheiro ou
objetos miúdos.
* Trabuco: Revólver.
Consultas: “Dicionário Gaúcho” de Alberto Juvenal de
Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário