Sábias agudezas... refinamentos...
− Não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te
para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.
Mario Quintana
Do amoroso esquecimento
Eu agora ‒ que
desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Mario Quintana –
Espelho Mágico
Ah! Os relógios
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas
vidas
em seus fúteis problemas tão
perdidas
que até parecem mais uns
necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da
morte:
não o conhece a vida ‒ a
verdadeira ‒
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade
inteira.
Inteira, sim, porque essa vida
eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma
porção.
E os Anjos entreolham-se
espantados
quando alguém ‒ ao voltar a si da
vida ‒
acaso lhes indaga que horas são...
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