quinta-feira, 5 de junho de 2014

A morte de Tim Maia



Tima Maia por Porquinho

       O último capítulo do livro e de sua vida

Do livro "Vale Tudo”, de Nélson Motta.

“Mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo!”

Tim Maia

No dia 8 de março de 1998, o Rio de janeiro amanheceu nublado, cinzento e chuvoso. Depois de ensaiar a semana inteira com a banda no Recreio, Tim chegou a Niterói às cinco da tarde, nervoso e ofegante. No camarim, reunido com os músicos antes do show, pela primeira vez, não fumou nem ofereceu um baurete (cigarro de maconha), só bebeu água.

Com o teatro lotado e meia hora de atraso, às 20h30min, a Vitória Régia (a sua banda) atacou a introdução de “W Brasil” e chamou o síndico, diversas vezes, com o público aplaudindo. Mas Tim só entrou cinco minutos depois, trôpego e cambaleante, lívido e com os olhos esgazeados. Não conseguiu sequer reclamar do som ou gritar “Vitória Régia!” quando a banda começou a tocar “Não quero dinheiro”:  “Vou pedir... vou pedir...”, tentou cantar.

E saiu do palco. O público vaiou. Cláudio Mazza foi ao microfone e avisou que Tim não estava passando bem, mas voltaria em 15 minutos. O público vaiou mais forte.

Na plateia, sua irmã Luzia viu que Tim estava mesmo mal, muito mal, e teve vontade de matar uma mulher na fila da frente, que comentou alto:

“Passando mal... ele deve é ter cheirado todas. Devia era enfiar porrada na cara dele, que ele ia fazer o show no peito e na raça.”

Mazza voltou ao microfone nervoso e pediu um médico na plateia. Um doutor e uma doutora correram para o camarim. Tim havia sofrido uma crise de hipertensão, uma embolia pulmonar e uma parada cardiorrespiratória, revertida com massagens e medicamentos na ambulância do Corpo de Bombeiros que o levou para o Hospital Antônio Pedro em estado gravíssimo. Sem plano de saúde.

Sedado, entubado e respirando com a ajuda de aparelhos, Tim foi internado no CTI, onde permaneceu em coma induzido. Na sexta-feira, o quadro se agravou com uma hemorragia digestiva, seguida de uma infecção pulmonar e outra renal, que se espalharam pelo seu organismo.

No domingo, 15 de março de 1998, às 13h03min, o coração do gordinho mais simpático da Tijuca parou de bater.




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