Glauco Mattoso*
Bandido, celerado, meliante,
pirata, bucaneiro, bandoleiro,
corsário, flibusteiro, pistoleiro,
falsário, plagiário, ator, farsante.
pirata, bucaneiro, bandoleiro,
corsário, flibusteiro, pistoleiro,
falsário, plagiário, ator, farsante.
Mentor,
capanga, cúmplice, mandante,
ladrão, sequaz, comparsa, quadrilheiro,
facínora, assaltante, tesoureiro,
banqueiro, vigarista e tutti quanti.
ladrão, sequaz, comparsa, quadrilheiro,
facínora, assaltante, tesoureiro,
banqueiro, vigarista e tutti quanti.
Prefeito,
magistrado, malfeitor.
Jagunço, deputado, edil, suplente.
Um estelionatário, um senador.
Jagunço, deputado, edil, suplente.
Um estelionatário, um senador.
O vice,
o candidato, o pretendente.
O correligionário, o estuprador.
O Papa, o ditador, o presidente.
O correligionário, o estuprador.
O Papa, o ditador, o presidente.
Do Decoro
Parlamentar
−
O ilustre senador é um sem-vergonha!
−
O quê?! Vossa Excelência é que é safado!
E
os dois parlamentares, no Senado,
disputam
palavrão que descomponha.
Um
grita que o colega usa maconha.
Responde
este que aquele outro é viado.
Até
que alguém aparte, em alto brado
anima-se
a sessão que era enfadonha.
Inútil
tentativa, a da bancada,
de
a tempo separar o par briguento
aos
tapas, se engalfinham por um nada…
Imagem
sem pudor do Parlamento,
são
ambos mais sinceros que quem brada:
−
Da pecha de larápio me inocento!
*Glauco Mattoso, pseudônimo de
Pedro José Ferreira da Silva, (São Paulo, 29 de junho de 1951) é
um escritor brasileiro. Seu nome artístico é um trocadilho com
glaucomatoso, termo usado para os que sofrem de glaucoma, doença que o fez
perder progressivamente a visão, até a cegueira total em 1995. É
também uma alusão a Gregório de Matos, de quem se considera herdeiro na
sátira política e na crítica de costumes.
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