domingo, 18 de maio de 2014

Ipanema gaúcha: a origem do balneário



Praia de Ipanema, em Porto Alegre, antes do loteamento

Modernos condomínios, localização privilegiada e uma das regiões mais valorizadas da cidade. Assim, é caracterizado, atualmente, o bairro Ipanema. Com uma orla que encanta o visitante e o morador, a Avenida Guaíba ostenta nos fins de tarde o mais bonito pôr do sol de Porto Alegre. Contudo, pouco se conhece sobre sua história. Conta Roberto Pellin em Revelando a Tristeza (1979), que as terras onde hoje está assentada parte do Ipanema foram compradas pelo seu pai nos anos 1920.

Os limites dessa imensa propriedade eram, de um lado, a grande margem do Guaíba, formando a enseada, desde as terras do seu João Batista Magalhães, mais conhecido por Juca Batista, indo até o outro lado, ou seja, os eucaliptos da Chácara das Flores, de propriedade do seu Otto Niemayer (hoje, Rua Déa Coufal). No centro dessa grande área, corria um arroio de águas cristalinas, era o Capivara, que servia para irrigar as plantações e matar a sede dos animais. Na beira do Guaíba predominavam figueiras e pitangueiras. Era um areal típico de beira de praia, com muito mato nativo.


À direita, Juca Batista e família, na praia, em 1949.

Tempos mais tarde, toda essa região foi comprada por um grupo de empreendedores. Eram eles: Oswaldo Coufal, Manlio Agrifoglio e Failace. Já prevendo a possibilidade de crescimento do bairro que surgia, apresentaram à família Pellin um projeto de loteamento, objetivando a compra de toda a região. “Lembro-me que eles abriram um mapa sobre a mesa e mostraram o projeto do balneário, dizendo que já estava tudo aprovado pela prefeitura”. (Pellin) Corria o ano de 1930 e após algumas investidas do grupo - pois a família oferecia resistência à venda -, as terras onde estava o coração do bairro foram vendidas. O valor pago por toda a área ficou em torno dos 20 contos de réis.

Tão logo se fechou o negócio, iniciaram-se as obras no bairro. “Posteriormente retornei ao local várias vezes, assistindo às obras. Não havia máquinas. Todo o trabalho era braçal, feito com enxadas, pás e carrinhos de mão, rodando sobre filas de tábuas, para remover a terra, no preparo das ruas”. (Pellin) Na beira do Guaíba, a Avenida Guaíba margeava a grande enseada, formando o balneário, onde os primeiros proprietários construíram suas casas de veraneio, os chalés. E foi assim que nasceu o balneário Ipanema, um dos mais bonitos da Zona Sul e que durante muitos anos foi símbolo de veraneio e de lugar destinado ao lazer e ao descanso dos porto-alegrenses. Uma proposta a ser pensada nos dias atuais, quando se discute projetos de revitalização do turismo para Porto Alegre, uma das cidades sede da Copa de 2014.

(Fonte: Roberto Pellin “Revelando a Tristeza”. 1979)


Bairro Ipanema - 1940


Acima e abaixo, a praia sem moradias



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