Teatro Corisco I
Personagens: Pecador I, Pecador II e Sacerdote-Confessor.
Ato I
(No estreito
confessionário)
Pecador I -
Reverendo, eu engano minha mulher.
Sacerdote - (Na compreensível necessidade de informar-se melhor para
aplicar punições apenas justas ao pecador) Com quem?
Pecador I - Perdão, prelado, mas sou um jornalista, tenho que
preservar meu segredo profissional.
Sacerdote - Bem, profissional não é. Até bem amador, com perdão do
trocadilho. Mas como também sirvo sob sigilo do confessionário, o seu segredo,
transmitido a mim, continuará secreto.
Pecador I - (doido pra entrar na do Padre, doido pra que o mundo
saiba de seus feitos, mas resistindo - afinal ele trabalha na
municipalidade, cobiçam seu cargo) Eu sei, Santo Homem, mas antigamente as
paredes tinham só ouvidos. Hoje estão cheias de gravadores.
Sacerdote -
(arriscando uma ficha, ou melhor, uma hóstia): Não vai dizer que foi com aquela
louquinha da sapataria, que já me confessou horrooooores.
Pecador I - (Babando
na gravata, que, aliás, não porta): A lourinha da sapataria, é? Aquela gostosa,
de tetas grandes e coxas grossas, que vive exibindo as quatro?
Sacerdote - Essa
mesma. (Outra ficha-hóstia) - Bem, se não foi essa só pode ser a caixa do
supermercado.
Pecador I - (animado) A moreninha dimenor?
Sacerdote -
Essa, é. Noutro dia esteve aqui, durante mais de uma hora... (A melhor ficha, a
melhor hóstia) -
Ah, já sei, foi com a viúva do capitão de corveta que mora na praça.
Pecador I - Também favorece? O marido morreu há três meses.
Sacerdote - Mas
ela continua muita viva, meu filho. E depois, o rapaz nem precisava morrer. Ou
foi a...
Pecador I -
(saciado) -
Não, seu pároco, não foi com nenhuma dessas. Foi com a dona do cartório de
órfãos. Mas muito obrigado pelas dicas. Tchau.
Sacerdote - Tchau,
meu filho, mas não esqueça três ave-marias e cinco salve-rainhas. E preserve o
sagrado sigilo. Volte sempre que tiver novidades.
Ato II
(Logo à saída do
Pecador I entra o Pecador II)
Pecador II - Seu
padre, estou casado só há dois anos, mas tenho que confessar que prevarico.
Sacerdote - Já, meu filho? Com quem? Não vai me dizer que é com a
mulher desse jornalista que acabou de sair daqui!
(Pano rápido)
Teatro Corisco II
Cena: uma farmácia - Personagens:
Farmacêutico, Mulher e Criança
Tragédia em um ato: Os Rigores do Ofício
Tragédia em um ato: Os Rigores do Ofício
Ato Único
Mulher -
(entrando esbaforida com criança estrebuchando no colo) Senhor, senhor, meu
filho está morrendo envenenado! Me dê alguma coisa para salvá-lo!
Farmacêutico - A
senhora trouxe a receita?
(Pano rápido)
Teatro Corisco III
Cena - Um
café comum.
Personagens - Um garção. Um freguês
Personagens - Um garção. Um freguês
Freguês -
Garção, traga-me uma cerveja enquanto espero a pequena.
Garção -
Preta ou branca, senhor?
Freguês - Que
é que você tem com isso?
Teatro Corisco IV
Personagens - O milionário e o miserável
Personagens - O milionário e o miserável
Cenário - Um
jardim público
O milionário
(encontrando o miserável comendo a grama do jardim):
- Oh, meu filho, não coma
essa coisa horrível! Venha, venha para a minha casa - a grama lá é muito
melhor.
(Pano rápido)
Teatro Corisco V
Cena - Qualquer.
Cena - Qualquer.
Época -
Estado Novo.
Personagens - Dois
partidários do regime.
1º Personagem - Bem,
quando percebi que o negócio era sujo, me afastei.
2º Personagem - Com
quanto?
Teatro Corisco VI
Personagens – Duas
"amigas".
Cena – Qualquer
Primeira pequena - O meu noivo sempre me diz que vai se casar com a mulher
mais encantadora do mundo.
Segunda pequena - Que
patife, hein! E sendo teu noivo há tanto tempo!
Teatro Corisco VII
Tragédia em quatro atos
Tragédia em quatro atos
(Homem bem vestido entra numa confeitaria. Chama o confeiteiro).
1º Ato
Homem -
Senhor. Meu nome é José. Queria que o senhor fizesse um bolo com J em cima,
cercado de rosas verdes.
Confeiteiro -
Pois, não!
Homem - Quanto custa? Quando fica pronto?
Confeiteiro - Custa 50 cruzeiros. Fica pronto depois de amanhã.
Homem - Ok!
2º Ato
(Mesmo ambiente. Dois
dias depois.)
Homem - Realmente o bolo está excelente. Mas... o senhor fez um j minúsculo! Eu queria um jota grande!
Confeiteiro - Lamento, mas o senhor não explicou. Enfim, mandarei
fazer outro. Volte depois de amanhã.
3º Ato
(Mesmo ambiente, Dois
dias depois.)
Homem -
É lamentável. Mas o senhor errou mais uma vez. Eu pedi rosas verdes e o senhor
fez o bolo com rosas vermelhas!
Confeiteiro (procurando se dominar) - Bem, está bem, está bem!
Volte amanhã que eu lhe darei o bolo assim.
4º Ato (Final)
(Mesmo ambiente. Dia seguinte)
Homem -
Agora sim! O bolo está exatamente como eu pedi! Magnífico.
Confeiteiro - Posso embrulhá-lo então?
Homem - Não, eu vou comer aqui mesmo.
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