O ilustre enfermo
O Pancrácio enfermou. O que é
aquilo
Que ele sente, ninguém sabe
explicar.
Chora a família. Guarda-se sigilo,
Para o resto do povo não chorar.
Vem o doutor e diz: − “Fique
tranquilo!
Não se assuste, que vou já
receitar:
Fulminato de sódio: − meio quilo,
Quatro colheres antes do jantar”.
Com a fórmula grandiosa do doutor,
O bom Pancrácio transferiu o
enterro,
Pois já está bom e, de contente,
pula.
Por esse fato, que acabei de
expor,
Eu deduzo com lógica de ferro,
Que um doutor não é burrose
formula.
Meu fraque
No guarda-roupa eu tenho um belo
fraque,
Meu traje predileto de passeio.
Quando de tarde o visto, até
receio
Que a minha namorada se
embasbaque.
Quando me quero dar certo
destaque,
Vai aos bailes comigo e não faz
feio.
Amigo da miséria, resgatei-o
Duas vezes foi ao bric-a-brac.
Um fraque assim no mundo igual
não há!
Parece novo, pois ninguém dirá
Que já cinqüenta invernos
completou.
Esse meu fraque fica-me tão justo.
Que quando o visto, eu mesmo, às
vezes, custo
Acreditar que foi do meu avô...
*****
O homem cumprimentou o outro, no café.
− Creio que nós fomos apresentados na casa do Olavo.
− Não me recordo.
− Pois tenho certeza. Faz um mês, mais ou menos.
− Como me reconheceu?
− Pelo guarda-chuva.
− Mas nessa época eu não tinha guarda-chuva...
− Realmente, mas eu tinha...
O menino, voltando do colégio, perguntou à mãe:
− Mamãe, por que é que pagam o ordenado à professora, se
somos nós que fazemos os deveres?
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