segunda-feira, 28 de abril de 2014

A vida com moela é...



O Lobisomem

Barão de Itararé

O pavor do menino

O menino era taludo, mas meio bocó. De maneira que o pai não estranhou quando, muito afobado, o garoto com voz trêmula, lhe disse:

‒ Papai! Papai! Foi bom teres chegado agora! Estou morto de medo! Lá em cima, no quarto, tem um lobisomem!

‒- Não seja bobo, menino! Que tolice é essa? Então, você não sabe que lobisomem não existe? Lobisomem é só conversa fiada!

‒ Não é, papai! Quando tu bateste a campainha, ele saiu correndo e se meteu dentro do guarda-roupa. A mamãe ficou assustada e se fechou dentro do banheiro!

Tremenda surpresa

O chefe da família, homem resoluto e destemeroso, que voltava inesperadamente de uma viagem, decidiu subir as escadas, rapidamente, encontrando a sua alcova em desalinho. Abriu energicamente o guarda-roupa e recebe um impacto de surpresa. Encolhido, imóvel, no fundo do móvel, estava o chefe do seu escritório muito pálido e com a respiração suspensa:

Revolta e desilusão

‒ Bonito, seu Antônio! − balbuciou, afinal, o dono da casa. E, dando à sua voz uma entonação de profunda revolta e desilusão, prosseguiu:

‒ Parece mentira! Custa-me crer no que vejo! Então, o senhor, que veio me bater à porta, morto de fome, sem roupa, sem dinheiro e a quem eu atendi com a melhor boa vontade proporcionando-lhe trabalho honrado, com um ordenado magnífico, dando-lhe um posto de inteira confiança no meu escritório, justamente no momento em que deveria estar trabalhando, fiscalizando os outros empregados, atento a seus deveres de chefe da firma, o senhor aproveitando a minha ausência, o senhor vem a minha casa para assustar as crianças e a minha querida esposa? Acha que é correto esse seu procedimento? Vamos! Saia daí e vá cumprir as suas obrigações no escritório, antes que eu me zangue e lhe rebaixe o ordenado!

Humilhação e vergonha

O senhor Antônio saiu muito humilhado do guarda-roupa, baixou a cabeça e retirou-se, profundamente envergonhado de seu mau procedimento.

Lição de alta moral

O dono da casa, com o filho pela mão, vai, em seguida, ao banheiro, bate com força na porta e ordena à sua esposa que abra! A senhora transida de pavor, obedece. E, então, o marido tranquiliza-a, explicando:

‒ Não sejas tola! Tamanha mulher com medo de lobisomens... Não vês que era “seu” Antônio o chefe do escritório, que, em vez de estar trabalhando, veio fazer essa brincadeira besta de vir assustar vocês. Também ele ouviu poucas e boas...





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