segunda-feira, 31 de março de 2014

Camisa de onze varas

          

Segundo João Ribeiro, em sua obra “Frases Feitas”, era a camisa dos enforcados, dos réus condenados à morte pelos tribunais civis ou pela Inquisição. Também chamada de alva, era a túnica branca que eles vestiam para o suplício. A estátua de Tiradentes, no Rio de Janeiro, mostra-o usando a camisa de onze varas.

Chamava-se pano de varas um tecido grosseiro, uma espécie de saragoça. Vara era medida de comprimento correspondente à yard inglesa, a jarda. Uma vara equivalia a 1,1 metro. Logo, as onze varas tinham 12 metros e 10 centímetros. A utilização do onze na expressão evidencia o tamanho que a camisa devia ter para dar-lhe maior peso e acentuar o tormento.

Já a sentença de onze golpes com varas sobre a camisa do condenado, segundo Luís da Câmara Cascudo, seria também boa explicação para a expressão. Pena rápida e pouco dolorosa, mas apregoada e pública na execução, o que lhe dava caráter de notória humilhação. Daí o medo de sofrê-la.

Cá entre nós, tem muita gente hoje, em nossa república tupiniquim, que bem merece essa camisa ou as pancadas, não lhe parece?

(O Berço da Palavra – coluna de Márcio Cotrim em “O Sul”)

Camisa de onze varas

O dito popular “estar em camisa de onze varas” ou “ele se meteu em camisa de onze varas” indica dificuldade grande em que alguém se mete e de que é difícil ou impossível sair.

Vara é uma medida antiga de comprimento, equivalente a 1,10 m. Na Inglaterra, por volta do século XIX, era costume fazer os condenados a morte vestirem uma camisa de pano branco, de onze varas. Com a vestimenta eles iam da prisão ao local da forca em marcha lenta, dando a entender aos que viam que estavam passando por dificuldade que não sairiam. O costume passou, mais tarde, a outros países da Europa e as camisas de onze varas foram por muito tempo vestimenta de presidiários. Eram então as vestes de quem se achava em dificuldades com a lei.

Vara também é uma jurisdição forense. Por quê?

Segundo alguns historiadores, os magistrados na Inglaterra traziam numa das mãos uma varinha, símbolo de autoridade. Não tardou para que o povo chamasse Vara a repartição em que trabalhava um magistrado.


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