sexta-feira, 19 de abril de 2024

Você não está sozinho no mundo

 Carpinejar

Uma cena comum nos estacionamentos de shoppings é carrinho de supermercado atravessado na frente de veículos estacionados. 

O cliente colocou suas compras no porta-malas e apenas empurrou o carrinho para o lado, tirando-o da frente de sua ré, sem se importar em bloquear a passagem de seu vizinho de vaga. 

É uma pessoa muito mal-educada, dotada de uma preguiça grosseira. Transferiu a sua responsabilidade para um terceiro, obrigando quem sairá depois a deslocar o carrinho para o setor certo. 

O que custava encaminhar o carrinho vazio para o corredor central do estacionamento? Três minutos? Quatro minutos? O que vai interferir na sua hora de ir embora? 

Admitimos engarrafamentos, admitamos filas, mas não aceitamos o intervalo da cordialidade. 

Temos uma dificuldade de praticar a empatia nos mínimos gestos, no básico da cidadania, naquilo que nem deveria ser mencionado ou alertado de tão óbvio que é. 

Educação é respeitar o espaço do próximo. É não querer ocupar todo o espaço. É perceber que você não está sozinho no mundo. 

Alguém terá que colocar no lixo o papel que você joga no chão, alguém terá que mover o carrinho que você abandona ao léu na área de manobra. 

Para economizar o seu tempo, você rouba o tempo do outro, omitindo-se de sua função social, sobrecarregando um desconhecido com as suas tarefas. 

Trata-se de uma lição que carregamos desde a época da escola. Lembro que, na aula de artes, tão importante quanto pintar era limpar a bagunça ao final do período. 

O que você faz você desfaz. O que você tira do lugar você guarda. 

Representa o princípio da coexistência. Liberdade não pode ser confundida com alheamento ou privilégio. 

O egoísmo acaba sendo um atalho da soberba, em decorrência de uma pretensa exclusividade e monopólio das cenas públicas. Por algum desvio psíquico, você jura que possui mais direitos do que deveres. 

Na mesma linha de descuido generalizado, é impressionante o quanto é natural não dar seta no trânsito. A maior parte das colisões surge dessa omissão (não é esquecimento). 

Se a sua carteira de habilitação não foi indevidamente comprada. Você tem consciência de que a seta não é opcional, não é um enfeite, não é uma árvore de Natal no carro, com luzes piscantes: emerge como item obrigatório, um jeito de avisar aos demais do fluxo de suas decisões e rotas. 

Diante do número exorbitante de motoristas que mudam radicalmente de pista, entram abruptamente numa garagem, dobram a rua e não sinalizam, como vamos adivinhar? Existe carro automático, não carro telepata. 

Há ainda os condutores com delay, que ligam a seta após ter feito o desvio. Acham que assim consertam o seu erro, porém acidentes não têm replay. 

Elegância é saber conviver. 

******* 

(Do jornal Zero Hora, abril de 2024) 

P.S. Mas isso acontece muito mais em supermercados de todo o país.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Receita da década de noventa,

 Mas que vale até hoje...

Se a boca do mundo

disser que não há saída, 

TENTA! 

Se continuar de pé for difícil,

e não quiseres deitar, 

SENTA! 

Se sentires esgotada

todas as possibilidades reais, 

INVENTA! 

Se a dúvida te algema

e a incerteza te acorrenta, 

ARREBENTA! 

Se tudo te empurrar

para trás e para frente

e não der para correr, 

VAI NA LENTA! 

Se as carpideiras do azar

pintarem de negro o teu destino, 

AFUGENTA! 

Se o desconsolo cantar coro

e te batiza de água benta;

se tudo o que souberes

não bastar outra aprendizagem, 

EXPERIMENTA! 

Se a legião de problemas

marchar contra ti,

desde a década de noventa: 

TENTA! 

INVENTA! 

AFUGENTA! 

ARREBENTA! 

EX-PE-RI-MEN-TA!

quarta-feira, 17 de abril de 2024

O cão mais fiel do mundo

 

Última foto de Hachiko, o fiel cão que esperou por mais de 9 anos fora da estação de Shibuya pelo retorno de seu dono, mesmo após sua morte. 

Em março de 1935, foi capturada esta comovente imagem de Hachiko, o leal Akita Inu japonês, tirada pouco antes de seu falecimento. Esta fotografia representa o desfecho de uma história de devoção e fidelidade que emocionou o mundo. 

Hachiko tornou-se famoso por aguardar pacientemente por seu dono, o professor Hidesaburo Ueno, do lado de fora da estação de trem de Shibuya, em Tóquio, todos os dias, mesmo após a morte de Ueno em 1925. Por quase uma década, Hachiko voltava ao mesmo lugar dia após dia, aguardando o retorno de seu amado dono. 

A história de Hachiko inspirou livros, filmes e monumentos ao redor do mundo, tornando-se um símbolo de lealdade inabalável e amor incondicional. Esta última fotografia captura a serenidade e a dignidade de um cão que nunca perdeu a esperança, mesmo nos momentos finais de sua vida. 

Hoje, a estátua de bronze de Hachiko em frente à estação de Shibuya é um ponto de encontro icônico e um lembrete duradouro do poder do vínculo entre humanos e animais. 

A estátua foi erguida pela primeira vez em 1934, antes de ser reciclada como parte do esforço de desenvolvimento de material bélico durante a Segunda Guerra Mundial ‒ e reerguida em 1948. 

A estátua de Hachiko tornou-se ponto turístico e anualmente é organizada uma celebração fora da estação de Shibuya em memória do animalzinho. O Museu Nacional da Natureza e da Ciência, em Tóquio, conta em seu acervo de exposição com o corpo empalhado de Hachiko.


 

terça-feira, 16 de abril de 2024

O encontro com o amor

 I. Kishor

Faltavam seis minutos para as seis horas no relógio acima do balcão da estação Grand Central de Nova York. O alto e jovem tenente do exército ergueu o rosto queimado pelo sol e apertou os olhos para verificar a hora exata. Seu coração batia tão fortemente que o sobressaltava. Dentro de seis minutos ele veria a mulher que havia ocupado um lugar especial na sua vida durante os passados 13 meses, a mulher que ele nunca vira, mas cujas palavras escritas lhe tinham dado inquebrantável alento. 

O Tenente Blandford lembrava-se, especialmente, dum certo dia, no mais aceso da luta, quando seu avião fora apanhado no meio dum grupo de caças inimigos. 

Em uma de suas cartas, ele havia confessado que muitas vezes sentia medo e, poucos dias antes desse combate, recebera a sua resposta: “É claro que você tem medo... Todos os homens corajosos têm. Na próxima vez em que você duvidar de si mesmo, quero que você ouça a minha voz recitando para você: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque Tu estás comigo.”... E havia lembrado e esse lembrança renovara a sua força. 

Agora ele ia ouvir a sua voz real. Faltavam quatro minutos para as seis. Uma moça passou rente a ele, e o Tenente Blandford estremeceu. Trazia uma flor no vestido, mas não era a pequena rosa vermelha que haviam combinado. Além disso, a moça devia ter apenas 18 anos e Hollis Meynell dissera que tinha 30. “Que tem isso?, respondera ele. “Eu tenho 32.”  Na realidade, tinha apenas 29. 

Lembrou-se, então, do livro que lera, lá no campo de treinamento. Chamava-se “Servidão Humana”, e em todo livro havia anotações numa letra de mulher. Nunca imaginara que uma mulher pudesse devassar o coração dum homem com uma tal compreensão e ternura. O nome dela estava escrito no livro: Hollis Meynell. Procurou um catálogo de telefones de nova York e encontrou o seu endereço. Escreveu-lhe e ela respondeu. No dia seguinte, foi mandado para a frente de combate, mas continuaram a corresponder-se. 

Durante 13 meses ela lhe respondera fielmente. Mesmo quando as suas cartas não chegavam, ela continuava escrevendo, e agora estava convencido de que a amava e que era correspondido. 

Ela, entretanto, sempre tinha recusado a ceder a seus reiterados pedidos para que lhe enviasse uma fotografia. Justificava-se da seguinte forma: “Se o sentimento que você nutre por mim tiver algum fundo de sinceridade, a minha aparência pouco importará. Suponha que eu seja bonita. Seria sempre perseguida pela ideia de que você jogou apenas nisso, e essa espécie de amor repugnar-me-ia. Suponha que eu seja feia (e você deve admitir que isso é o mais provável),  então eu viveria receosa de que você só continuasse escrevendo-me por se sentir só e não ter mais ninguém. Não, não peça o meu retrato. Quando voltar a Nova York, então me verá e poderá tomar uma decisão.” 

Um minuto para as seis... tirou uma tragada do cigarro nervosamente. E neste momento coração do Tenente Blandford deu um pulo. 

Uma jovem caminhava em direção a ele. Era alta e delgada; seus cabelos louros e ondulados descobriam umas orelhinhas delicadas. Os olhos eram tão azuis como o céu, os lábios e o queixo de uma suave firmeza. Com seu costume verde-pálido, era a verdadeira imagem da primavera. 

Adiantou-se para ela esquecendo-se de notar que não trazia rosa nenhuma. Ao perceber-lhe o movimento, um sorriso leve e provocante aflorou aos lábios da moça. 

- Vai para o mesmo lado que eu, soldado? ‒ murmurou. 

Ele avançou mais um passo.  E então viu Hollis Meynell. 

Estava parada logo atrás da moça e era uma mulher de quarenta e muitos anos, de cabelos grisalhos sob um chapéu surrado. Era mais do que rechonchuda, tinha tornozelos grossos e calçava sapatos de salto baixo. Mas trazia uma rosa vermelha no casaco amarrotado. 

A moça de costume verde continuava afastando-se rapidamente. 

Blandford sentiu como se estivesse sendo partido em dois, tão vivo era o seu desejo de seguir a moça e tão profundo a anelo que o impelia para aquela mulher cujo espírito acompanhara tão fielmente o seu, sustendo-o em todos os momentos. E agora ela estava ali. Podia ver que o seu rosto era doce e compreensivo e que os olhos cinzentos tinham um brilho ardente. 

O Tenente Blandford não hesitou.  Seus dedos apertaram o exemplar de “Servidão Humana” com que se faria reconhecer. Aquilo não seria amor, mas seria algo de precioso, uma amizade pela qual sempre se sentira e sempre se sentiria reconhecido. 

Endireitou-se, fez uma saudação e estendeu o livro para a mulher, embora, enquanto falava, sentisse todo o amargor do seu desapontamento. 

- Eu sou o Tenente John Blandford, e a senhora... deve ser Hollis Meynell!!! Alegro-me por ter podido encontra-se comigo. Posso... posso convidá-la para jantar? 

O rosto da mulher abriu-se num sorriso benévolo. 

- Eu não sei de que o senhor está falando, moço ‒ respondeu. Aquele moça de costume verde me fez botar esta rosa no casaco. E disse que, se o senhor me pedisse para acompanhá-lo, lhe dissesse que ela está esperando naquele restaurante do outro lado da rua. Ela explicou-me que era uma espécie de teste. E pelo que eu vi, o senhor passou! 

 
Texto publicado no “Seleções do Reader¢s Digest”

Para o resto de nossas vidas

 

Existem coisas pequenas e grandes, coisas que levaremos para o resto de nossas vidas. 

Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas, depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou. 

Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência em algum instante. 

Provavelmente iremos pela a vida a fora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante, cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas, cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem. 

Marcas, isso... serão marcas, umas mais profundas, outras superficiais, porém com algum significado também. 

Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que se contarmos para terceiros talvez não tenha a menor importância, pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los. 

Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo. 

Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu, um cartão de natal, uma palavra amiga num momento preciso. 

Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado, uma decepção, a perda de alguém querido, um certo encontro casual, um desencontro proposital.

Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta, um que deixou de existir por puro fracasso.

Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo. 

Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós. 

Umas porque nos dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objeto do nosso amor, ainda outras por terem nos magoado profundamente, quem sabe haverá algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa.

Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos, a quantidade de marcas que conseguimos carregar conosco e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si.

Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias, ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades.

Pensem sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos. 

(Autor desconhecido)

Brincadeira com letras

 

01. O que é que as meninas têm e os meninos não têm? 

02. Qual é a única letra que não está no seu nome? 

03. Por que a letra t é a mais usada no alfabeto? 

04. O que é que sempre encontramos no fim do túnel? 

05. Onde é que fica o centro da gravidade? 

06. O que é que a bicicleta tem duas e o carro só tem uma? 

07. O que é grande no Brasil e pequeno em Cuba? 

08. O que faz o mês de maio ficar maior? 

09. O que é que aparece uma vez no minuto, uma vez no mês, mas nenhuma no ano? 

10. Quem é que sempre anda aos pares no carrossel? 

11. Qual é a letra mais distante? 

12. Quais são as letras que têm mais valor?

 

Respostas

 

 

 

01. A letra a.

02. A letra h (agá).

03. Porque tudo começa com t.

04. A letra l (éle)

05. Na letra i.

06. A letra c.

07. A letra b.

08. A letra r.

09. A letra m.

10. Os rr e os ss.

11. A letra o, pois está “no fim do mundo”.

12. As letras de câmbio.

(Do livro "Brincadeiras, Pegadinhas e Piadas da Internet)

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Ladainha

 Texto de Lourenço Diaféria

Dizem que vai faltar açúcar,

todo mundo corre a procurar o doce.

Dizem que vai faltar o óleo,

todo mundo corre a procurar a fritura.

Dizem que vai faltar o trigo,

mundo corre a procurar a broa.

Dizem que vai faltar o fubá,

todo mundo corre a procurar o angu.

Dizem que vai faltar o ferro,

todo mundo corre a procurar a treliça.

Dizem que vai faltar o cimento,

todo mundo corre a procurar o concreto.

Dizem que vai faltar a água,

todo mundo corre a procurar o balde.

Dizem que vai faltar o sarilho,

todo mundo corre a procurar o poço.

Dizem que vai faltar o vinagre,

todo mundo corre a procurar o vinho.

Dizem que vai faltar o vinho,

todo mundo corre a procurar o copo.

Dizem que vai faltar a luz,

todo mundo corre a procurar a vela.

Dizem que vai faltar a carne,

todo mundo corre a procurar o bife.

Dizem que vai faltar o orégano,

todo mundo corre a procurar a pizza.

Dizem que vai faltar a galinha,

todo mundo corre a procurar a canja.

Dizem que vai faltar o peixe,

todo mundo corre a procurar a moqueca.

Dizem que vai faltar a paz,

todo mundo corre a procurar as armas.

Dizem que vai faltar o samba,

todo mundo corre a procurar o pandeiro.

Dizem que vai faltar o sol,

todo mundo corre a procurar a praia.

Dizem que vai faltar a chuva,

todo mundo corre a procurar o chuveiro.

Dizem que vai faltar o dinheiro,

todo mundo corre a procurar o banco.

Dizem que vai faltar o cometa,

todo mundo corre a procurar a luneta.

Dizem que vai faltar o horóscopo,

todo mundo corre a procurar a cartomante.

Dizem que vai faltar estrelas,

todo mundo corre a procurar o firmamento.

Dizem que vai faltar eleições,

todo mundo corre a procurar candidatos.

Dizem que vai faltar governo,

todo mundo corre a procurar revoluções.

Dizem que vai faltar a liberdade,

todo mundo corre a procurar prisões.

Dizem que vai faltar navios,

todo mundo corre a procurar o porto.

Dizem que vai faltar os fatos,

todo mundo corre a procurar boatos.

Agora: quando dizem que vai faltar vergonha,

ninguém se toca,

está todo mundo acostumado.